IBGE constata: preço do café subiu mais de 77% em apenas um ano
Brasil – O tradicional cafezinho do brasileiro está mais caro — e muito. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (11/4), o preço do café moído acumulou uma alta de impressionantes 77,8% nos últimos 12 meses até março. Só em 2025, a alta já chega a 30,04%, com destaque para o mês de março, que sozinho registrou um aumento de 8,14% no preço do produto.
A elevação acompanha a tendência de alta dos alimentos, que continuam sendo o principal motor da inflação no Brasil. Apesar de o IPCA ter desacelerado para 0,56% em março — frente aos 1,31% de fevereiro —, o índice ainda representa a maior inflação para um mês de março desde 2003.
O salto no preço do café não é por acaso. O grão, um dos símbolos da agricultura nacional, tem enfrentado uma combinação de fatores adversos que vão desde o clima até o câmbio. A lavoura cafeeira, nos últimos quatro anos, sofreu sucessivamente com geadas, secas severas e, mais recentemente, com temperaturas elevadas que comprometem sua produtividade. A situação se agravou ainda mais com a redução na oferta em países produtores como o Vietnã, um dos maiores exportadores do mundo.
“O café é um dos produtos com maior resistência à baixa de preço, porque tem um grande problema de natureza ambiental que atinge a lavoura cafeeira. O café passou quatro anos sofrendo com geadas e secas, falta de água e, agora, o café também sofreu com quebras no exterior”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.
Além do clima, o fortalecimento do dólar frente ao real aumentou a atratividade do mercado externo, levando os produtores a escoar maior volume da produção para fora do país. Isso reduziu a oferta interna e pressionou ainda mais os preços nas prateleiras brasileiras.
Apesar do cenário de encarecimento, o amor nacional pela bebida permanece firme. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo de café torrado e moído no país cresceu 1,1% entre 2023 e 2024. Foram consumidas 21,9 milhões de sacas de 60 quilos em 2024, o que equivale a 40,4% da safra nacional do ano anterior.
O Brasil segue sendo o segundo maior consumidor mundial da bebida, atrás apenas dos Estados Unidos. De acordo com a Abic, os norte-americanos consumiram 4,1 milhões de sacas a mais que os brasileiros no período.
