Fiscais interditaram 19 balsas que promoviam festas e aglomerações neste ano
Evento com mais de 800 pessoas em uma embarcação chegou a ser barrado no último fim de semana; autoridades de saúde temem aumento de contágio sobretudo entre povos indígenas e ribeirinhos
A escalada de casos e mortes pela Covid-19 não foi suficiente para evitar casos de aglomeração e festas em embarcações no Amazonas . No último domingo (18), a Central Integrada de Fiscalização (CIF) interditou a balsa Anna Karoline II, antes que um passeio com mais de 800 pessoas fosse iniciado a partir de Manaus. Com essa interdição, o número de barcos embargados por descumprimento de medidas restritivas da pandemia no estado chegou a 19 apenas neste ano.
Desse total, 11 embarcações transportavam mais passageiros que o permitido pelo Governo do Estado e oito violavam normas sanitárias, como distanciamento, uso de álcool em gel e máscaras. As ações da CIF já abordaram 252 embarcações desde o começo do ano. Nesse período, 44 irregularidades foram identificadas pelas autoridades. Além da CIF, a Capitania dos Portos e a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado do Amazonas (Arsepam) participam da fiscalização fluvial.
Durante a pandemia de Covid-19, o transporte pelos rios do estado de Amazonas chegou a ser proibido, mas voltou a ser permitido gradativamente em 2021, com restrições. Neste momento, as embarcações só podem transportar passageiros com até 50% de sua capacidade máxima e devem seguir as normas sanitárias, disponibilizando o uso de álcool em gel e permitindo que os tripulantes se mantenham distantes.
Os tradicionais passeios pelas praias e rios do estado só podem acontecer desde que sejam contemplativos, sem que ocorram paradas. A medida visa evitar o contágio de indígenas e povos ribeirinhos.
A interdição da embarcação Anna Karoline II foi motivada por uma denúncia ainda no sábado (17) à noite, já que a organização do passeio tinha divulgado o evento com atrações musicais e sem aviso sobre a capacidade do barco. A fiscalização chegou por volta das 8h de domingo no porto Manaus Moderna.
O diretor-presidente da Arsepam contou que o barco tem capacidade para 910 passageiros. Como as medidas restritivas permitem até 50% da capacidade dessas embarcações, somente 455 pessoas poderiam embarcar. “Era visível que havia excedido o limite. Tinha, certamente, mais de quinhentas pessoas embarcadas, além de outras trezentas pessoas, aproximadamente, aguardando e causando aglomeração”, explicou João Rufino. Nas imagens divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, é possível ver muitas pessoas sem máscara e agrupadas, dentro e fora do barco.
Segundo Rufino, também é comum que os barcos saiam de um porto cumprindo as medidas restritivas para, em seguida, parar em outro local para receber mais passageiros, driblando a fiscalização. “Nós estamos identificando essas situações para intensificar nossa fiscalização em outros pontos de acesso dessas embarcações”, ressaltou o diretor-presidente da Arsepam. Ele detalha que os passeios são característicos das praias da região, principalmente aos domingos, com embarcações fretadas.
“O governo tem se empenhado em conduzir a pandemia da melhor maneira, com todas as medidas necessárias, sem deixar de observar a necessidade da reabertura do comércio. Mas sempre com o principal foco na saúde das pessoas, na segurança das pessoas na pandemia. É bem difícil, mas em razão dessa falta de consciência de uma parte da população, temos intensificado nossa fiscalização”, destaca João Rufino.
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