Queiroga diz que faltam doses a estados que não seguem o PNI
O ministro da Saúde criticou descompasso de entes federativos que tentam atropelar campanha: ‘Não é uma corrida de Fórmula 1’
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a criticar estados e municípios que aceleram as campanhas vacinais contra a Covid-19 sem seguir o cronograma recomendado pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). “Isso não é aposta de corrida de Fórmula 1. É uma campanha de imunização”, afirmou o cardiologista a jornalistas na porta do ministério, nesta segunda-feira (13).
Segundo Queiroga, a narrativa de que faltam doses surge desse adiantamento indevido. “Nós dissemos que a dose de reforço seria distribuída a partir do dia 15, que a redução do intervalo entre as doses só deveria acontecer, no caso da AstraZeneca e da Pfizer, a partir do dia 15, assim como a aplicação nos adolescentes. O que nós vimos? Estados e municípios avançarem antes da decisão do PNI.”
Aos gestores da saúde, Queiroga mandou recado: “Peço que sigam o PNI. Juntos vamos conseguir fazer uma campanha mais eficiente”. Por enquanto, a dose reforço só é indicada a idosos acima de 70 anos e pessoas imunossuprimidas que já tenham completado o esquema vacinal há, pelo menos, três meses. Mas o ministro já admite a possibilidade desta aplicação extra se estender a toda a população.
Segundo Queiroga, um estudo da Universidade de Oxford, que avalia os efeitos positivos da terceira dose da vacina AstraZeneca, é “importante para conduzir uma possível vacinação de reforço para população como um todo”. Por enquanto, a Pfizer é a vacina indicada para a dose reforço, mas a AstraZeneca pode ser usada em caso de falta.
Intercambialidade
Durante a conversa, o ministro também levantou a possibilidade de, em caso de falta da vacina AstraZeneca para a aplicação da segunda dose, ser possível realizar uma intercambialidade de imunizantes. “Se, porventura, a AstraZeneca faltar por conta de questões operacionais, eventualmente [pode-se] usar a intercambialidade. Mas o critério não pode ser: ‘faltou um dia, troca’. Senão a gente não consegue avançar.”
Quanto à permanência da CoronaVac no PNI, o ministro reiterou a necessidade do Instituto Butantan enviar os dados completos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que os técnicos deliberem sobre o registro definitivo.
A retirada das máscaras também foi tema discutido pelo chefe da pasta da Saúde. Diante das novas variantes, incluindo a Mu, que Queiroga definiu como “de importância, mas ainda não de preocupação”, ainda é necessário que “o contexto epidemiológico seja favorável a essa ação e nossa campanha avance mais”. No entanto, deu perspectivas otimistas ao que Bolsonaro tem insistido. “Estamos bem perto de chegar a isso no Brasil”, afirmou, citando que em viagem à Itália, todos estavam sem máscaras, assim como em Portugal e na Rússia.
Imagem – MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL