Roraima é integrado ao Sistema Interligado Nacional com inauguração do Linhão Manaus-Boa Vista
Roraima deu um passo histórico para sua soberania energética nesta quarta-feira (10), ao ser oficialmente conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O feito foi marcado pela energização do Linhão Manaus-Boa Vista, projeto aguardado há décadas e que promete transformar o cenário econômico, social e ambiental da região.
A cerimônia ocorreu em Brasília, conduzida a partir dos Centros Nacional e Regional de Operação Norte/Centro-Oeste do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de autoridades do setor.
A obra, considerada uma das mais estratégicas para o Norte do país, recebeu investimentos de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões viabilizados por meio do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). A Transnorte Energia (TNE), responsável pela execução, já obteve um repasse de R$ 900 milhões, e outro aporte está previsto até dezembro de 2025.
Capacidade energética ampliada
Com 725 km de extensão, 1.390 torres e três subestações, o linhão tem capacidade para transmitir até mil MegaWatts — energia suficiente para manter em funcionamento mais de 14 milhões de geladeiras. Isso representa quatro vezes a demanda atual de Roraima, abrindo caminho para a atração de indústrias e para a exportação de produtos industrializados e agrícolas para países vizinhos, como Venezuela, Guiana, Suriname e nações do Caribe.
O presidente Lula destacou que a obra cria condições para que o estado se torne um polo de desenvolvimento regional. “Estão dadas as condições para que empresários invistam em fábricas e fortaleçam o comércio exterior a partir de Roraima”, afirmou.
Redução de custos e transição energética
Até então, Roraima era o único estado fora do SIN, dependendo da importação de energia da Venezuela e de usinas termelétricas movidas a óleo diesel. Com a integração, estima-se uma economia superior a R$ 500 milhões anuais na Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), encargo pago por todos os brasileiros.
Além da redução de custos, a substituição da energia térmica pela renovável deve cortar mais de 1 milhão de toneladas de CO₂ emitidas por ano, em um dos maiores projetos de descarbonização já implementados na Amazônia.
Desenvolvimento integrado
O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, ressaltou que o linhão é peça-chave para impulsionar inovação, infraestrutura e logística na região. Já o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, classificou a obra como uma vitória social, econômica, geopolítica e ambiental.
Paralelamente, outro investimento de R$ 1,3 bilhão será destinado ao Programa Norte Conectado, que ampliará a infraestrutura de comunicações com cabos de fibra óptica subfluvial, beneficiando 59 municípios em seis estados da Amazônia.
Com o início da operação do Linhão Manaus-Boa Vista, Roraima se conecta ao mapa energético do Brasil e inaugura uma nova era de desenvolvimento sustentável para a região.
