Pandemia pode afetar saúde mental da crianças
Manaus – A pandemia do novo coronavírus mexeu com as estruturas da humanidade. Até esta segunda-feira (4) o Amazonas registrou 7,2 mil casos do novo coronavírus e 584 mortes. Se por um lado, o sistema de saúde e a economia são bastante afetados, por outro, há também a saúde mental dos seres humanos, principalmente a das crianças, que muitas vezes podem assistir tudo sem entender o que está acontecendo.
Existem 35,5 milhões de crianças (pessoas de até 12 anos), no Brasil. O número corresponde a 17,1% da população do Brasil, que é de 207 milhões. Os dados foram obtidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São elas que, durante a pandemia de coronavírus têm também ficado em casa, já que os decretos de governadores do Brasil encerraram as creches e escolas, como é o caso do Amazonas. A quarentena é considerada por cientistas e médicos como uma forma de atrasar o contágio da Covid-19 e assim não lotar mais ainda o sistema de saúde.
Mas pouco se fala sobre como a saúde mental dessas crianças podem ficar abaladas com o confinamento e até mesmo morte de parentes próximos durante a pandemia, por coronavírus ou não. Leia mais
O dia a dia
A técnica em enfermagem Francinete Cardoso, de 41 anos, é mãe de duas crianças. Uma menina de dez anos e um menino de sete. Os dois perderam a avó recentemente para a Covid-19, em Manaus.
“A perda da avó foi marcante para eles. Os dois acompanharam ela de perto, porque eu quem estava cuidando dela quando surgiram os primeiros sintomas. Mas fico feliz que eles puderam aproveitar os últimos momentos com ela e embora tenham sofrido muito, ficaram com as boas lembranças dela”, comenta Francinete.
Sobre ficarem em casa, a mãe diz que os filhos sentem menos o confinamento, porque têm bastante espaço para se divertirem em casa. Ela inclusive faz questão de brincar com eles por meio de atividades como pular corda, queimada e futebol no pátio da residência.
“Procuramos ocupar o tempo com eles justamente para não ficarem entediados, já que estão em casa desde dezembro do ano passado. Eles só foram para a aula em um dia de fevereiro. Um ponto é que os horários de dormir e acordar estão completamente desorganizados, até pra nós adultos, mas temos nos esforçado para manter uma boa rotina em família”, diz Francinete.
Ela comenta com alegria que os filhos têm estado bem conscientes durante a pandemia e se mostrado bastante responsáveis, até mais que muitos adultos.
“Eles perguntam muito e cobram bastante sobre a proteção na prevenção da doença comigo e os nossos familiares. Até opinam se percebem algum desleixo por parte da gente, o que chega a nos divertir um pouco, mas é muito bom ver que eles realmente estão atentos a tudo”, comenta a técnica.
Como as crianças sentem a pandemia
Para responder a essa pergunta, a médica psiquiatra Alessandra Pereira levanta uma afirmação que já explica boa parte de tudo. Ela diz que a reação emocional das crianças depende muito de como os pais e responsáveis reagem.
“Se a criança ver os pais ansiosos e estressados, ela vai copiar o comportamento e fazer igual. Da mesma forma, se a criança perceber segurança nas ações dos parentes, vai ficar segura também”, comenta a especialista.