CBF diz que vendeu sem prejuízo o avião comprado por Rogério Caboclo
Presidente afastado afirma que aquisição de aeronave teve a assinatura de dois diretores
CBF informou nesta segunda-feira que vendeu um avião Legacy 500, ano 2015, fabricado pela Embraer, e comprado no dia 4 de junho, último dia útil antes de Rogério Caboclo ser afastado da presidência da entidade.
A CBF disse ainda (leia abaixo a íntegra da nota) que o avião foi vendido pelo mesmo valor (US$ 14 milhões, ou cerca de R$ 72 milhões) pelo qual foi comprado. A aeronave não chegou a ser usada por dirigentes da confederação.
Na tarde desta segunda-feira, Caboclo divulgou uma nota à imprensa (leia abaixo a íntegra) na qual afirma que o contrato de compra do avião foi aprovado e assinado pelo diretor jurídico da CBF, Luiz Felipe Santoro, e pelo diretor financeiro, Gilnei Botrel.
O presidente afastado da CBF sustenta ainda que a negociação “foi planejada por diversos meses” e feita para “atualizar o patrimônio da entidade em condições amplamente vantajosas”. A nota de Caboclo cita ainda que Botrel “recomendou e realizou o pagamento imediato naquela data”.
Também em nota, a CBF afirmou que “os documentos foram assinados pelos diretores das áreas envolvidas por não existir ilegalidade na operação e por haver disponibilidade de recursos em caixa, embora ambos [Santoro e Botrel] tenham alertado ao presidente que não era o momento propício para efetivar o negócio”.
Além de comprar o Legacy 500, a gestão CBF pretendia vender um Cessna 680, ano 2009, pelo valor de US$ 6,15 milhões (cerca de R$ 31,5 milhões). Esse negócio não chegou a ser concluído. Foi este o avião usado pelo presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, na viagem entre Rio de Janeiro e Brasília, onde acompanhou o jogo de abertura da Copa América, entre Brasil e Venezuela.
A diferença entre a venda da aeronave mais antiga para o valor da nova (R$ 40 milhões) seria coberta com o superávit da CBF em 2020, que foi de R$ 48 milhões.
No dia 6 de junho, Rogério Caboclo foi afastado da presidência da CBF por 30 dias por determinação da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, dois dias após uma funcionária da entidade apresentar denúncia de assédio sexual e moral contra o dirigente.
Leia nota da assessoria de Rogério Caboclo:
“A respeito da troca da aeronave da CBF, veiculada pela imprensa recentemente, o presidente Rogério Caboclo esclarece que o conceito estabelecido internamente sempre foi o da substituição do avião existente por um mais novo.
O contrato foi aprovado e assinado pelos diretores jurídico da CBF, Luiz Felipe Santoro, e financeiro, Gilnei Botrel. Sem essas assinaturas o negócio jamais poderia ter sido fechado. Foi Gilnei Botrel que recomendou e realizou o pagamento imediato naquela data.
Com a transação, a CBF trocaria uma aeronave de menor tamanho e de menor autonomia (Cessna 680 modelo Sovereign, prefixo PP-AAD), ano 2009, por uma maior, mais moderna e de maior autonomia, ano 2015. O Legacy 500 tem 490 horas de voo, enquanto o Cessna da entidade tem 2550 horas voadas. A última revisão do Cessna, feita em fevereiro, custou aos cofres da entidade US$ 370 mil.
O Legacy 500 foi comprado por US$ 14 milhões. A aquisição foi concluída em 4 de junho, antes da divulgação das acusações contra o presidente Rogério Caboclo.
O processo de venda da antiga aeronave, Cessna 680 modelo Sovereign, por US$ 6,15 milhões, ainda não foi concluído em razão do afastamento do presidente, de forma unilateral e sem direito à defesa pela Comissão de Ética da CBF. Dessa forma, Rogério Caboclo não conseguiu formalizar os trâmites estatutários que autorizam a concretização da venda.”
Leia nota da CBF
“A CBF informa que a aquisição da aeronave foi um desejo particular do presidente afastado Rogério Caboclo, que negociou pessoalmente a aquisição e determinou o fechamento do negócio nos termos acordados por ele com o proprietário.
A assinatura de contratos e o pagamento ocorreram seguindo decisão da Presidência, não tendo havido por parte da Diretoria Financeira qualquer recomendação quanto à data.
Os documentos foram assinados pelos diretores das áreas envolvidas por não existir ilegalidade na operação e por haver disponibilidade de recursos em caixa, embora ambos tenham alertado ao presidente que não era o momento propício para efetivar o negócio.
A aeronave já foi negociada por preço igual ao de compra, não restando prejuízo financeiro à entidade.”